sexta-feira, 9 de julho de 2010

O CAMINHO PARA A ESPERANÇA



ELLEN G. WHITE


ÍNDICE

 1.  O AMOR DE DEUS

 2.  A PONTE SOBRE O ABISMO

 3.  LIBERTO DA CULPA

 4.  ABRE O CORAÇÃO A DEUS

 5.  ENTREGA TOTAL

 6.  PAZ MENTAL

 7.  UMA NOVA PESSOA

 8.  CRESCIMENTO EM CRISTO

 9.  ACTIVIDADE E VIDA

10.  O DEUS QUE EU CONHEÇO

11.  O PRIVILÉGIO DE FALAR COM DEUS

12.  EXPULSA A DÚVIDA

13.  ALEGRIA NO SENHOR


INTRODUÇÃO


Tudo aquilo de que nos apercebemos ao nosso redor é sempre afectado, positiva ou negativamente, pela nossa própria estabilidade. Na verdade, o nosso próprio estado de alma determina as leituras que fazemos do mundo que nos rodeia. E a nossa resposta aos estímulos que recebemos é determinada por essa perspectiva interior.

O sentimento de vazio, de falta de realização pessoal, duma tristeza ou infelicidade que nem sempre se consegue definir... enfim, o sentimento de que há algo que poderia ser melhor, já foi ou é de alguma forma experimentado por todos nós.

No fundo, não são apenas as tempestades exteriores que presenciamos, como atentados terroristas, crises sociais, más perspectivas económicas, alterações climáticas, que nos desestabilizam. É a nossa própria situação interior. E aquilo que presenciamos no nosso mundo é apenas a face visível e triste desse conflito interior que atinge toda a humanidade. Conflito que vem do facto de termos eliminado Deus dos horizontes da nossa existência.

Resolver o drama desse conflito é a condição fundamental para se poder viver e agir positivamente nas difíceis situações com que nos confrontamos.

É o que lhe propomos, através do pequeno livro que lhe oferecemos.

O CAMINHO PARA A ESPERANÇA, com diferentes títulos no passado, é um livro extraordinário, já publicado em 135 línguas e dialectos, ao longo de 118 anos, perfazendo um total de mais de 50 milhões de exemplares.

Esta obra proporciona a quem a lê uma imensa paz interior, confiança para a vida e o reconhecimento de que há algo melhor na nossa existência, que precisamos de experimentar.

A capacidade de viver acima dos maiores desafios da vida, com uma profunda paz e realização pessoal, também pode ser sua e é isso que desejamos partilhar consigo. Que a existência de cada um possa ser marcada por essa paz que vem de Deus e que nos capacita a viver através e acima de qualquer tempestade, percorrendo O CAMINHO PARA A ESPERANÇA.



Título Original: Step to Christ
Autora: Ellen G. White

PUBLICADORA SERVIR, S.A.
Rua da Serra, 1 - Sabugo
2715-398 Almargem do Bispo
Portugal

13. ALEGRIA NO SENHOR


Os filhos de Deus são chamados para serem representantes de Cristo, revelando a bondade e a misericórdia do Senhor. Assim como Jesus nos revelou o verdadeiro carácter do Pai, assim devemos revelar Cristo a um mundo que não conhece o Seu terno e compassivo amor. Jesus disse: "Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo." Eu neles, e Tu em Mim; ... para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim." João 17:18, 23. O apóstolo Paulo diz aos discípulos: "É manifesto que vós sois a carta de Cristo ... conhecida e lida por todos os homens." II Coríntios 3:3, 2. Através de cada um dos Seus filhos, Jesus envia uma carta ao mundo. Se és um seguidor de Cristo, Ele envia através de ti uma carta à família, à aldeia, à rua onde tu vives. Jesus, habitando em ti, deseja falar ao coração daqueles que não estão familiarizados com Ele. Talvez eles não leiam a Bíblia, ou ouçam a voz que lhes fala nas suas páginas; eles não vêem o amor de Deus através das Suas obras. Mas, se fores um verdadeiro representante de Jesus, pode ser que, através de ti, eles sejam levados a ter um vislumbre da Sua bondade e sejam atraídos para O amar e servir.

Os cristãos são colocados como portadores de luz no caminho para o Céu. Eles devem reflectir para o mundo a luz que, de Cristo, brilha sobre eles. A sua vida e o seu carácter devem ser de tal modo que, através deles, outros obtenham uma verdadeira concepção de Cristo e do Seu serviço.

Se, de facto, representarmos Cristo, faremos com que o Seu serviço pareça atractivo, como na realidade o é. Os cristãos que acumulam melancolia e tristeza no seu coração, e murmuram e se queixam, estão a dar a outros uma falsa representação de Deus e da vida cristã. Dão a impressão de que Deus não deseja que os Seus filhos sejam felizes, e assim dão falso testemunho contra o nosso Pai Celeste.

Satanás exulta quando consegue levar os filhos de Deus à incredulidade e ao desânimo. Ele deleita-se em ver-nos sem confiança em Deus, duvidando da Sua vontade e do Seu poder para nos salvar. Ele gosta de nos levar a sentir que o Senhor nos faz mal com as Suas providências. O objectivo de Satanás é representar o Senhor como Alguém sem nenhuma compaixão nem misericórdia. Ele deturpa a verdade a respeito d'Ele. Enche a nossa imaginação com falsas ideias a respeito de Deus; e, em vez de nos demorarmos na verdade a respeito do nosso Pai Celestial, muitas vezes fixamos a nossa mente sobre as falsidades de Satanás e desonramos a Deus ao desconfiarmos d'Ele e ao murmurarmos contra Ele. Satanás procura sempre fazer da vida religiosa uma vida sombria. Ele deseja fazê-la parecer enfadonha e difícil; e quando o cristão apresenta na sua própria vida esta visão da religião, ele está, mediante a sua incredulidade, a apoiar a falsidade de Satanás.

Muitos, ao longo da vida, concentram-se nos seus erros, fracassos e desapontamentos, e enchem, assim, o coração de dor e desânimo. Quando estive na Europa, uma irmã que passava por uma crise destas, e que se encontrava profundamente angustiada, escreveu-me, pedindo uma palavra de encorajamento. À noite, antes de ter recebido a carta dela, sonhei que estava num jardim, e alguém que parecia ser o proprietário do jardim conduzia-me pelos seus caminhos. Eu colhia as flores e deleitava-me a sentir o seu aroma, quando esta irmã, que ia ao meu lado, chamou a minha atenção para algumas silvas invisíveis que estavam a impedir o seu caminho. Ali estava ela, lamentando-se e queixando-se. Ela não andava no caminho, seguindo o guia, mas estava a caminhar por entre as silvas e os espinhos. "Oh", lamentou ela, "não é uma pena que este belo jardim esteja estragado com espinhos?" Então o guia disse: "Deixa os espinhos em paz, pois eles só te vão magoar. Colhe as rosas, os lírios e os cravos."

Não tem havido ocasiões felizes na tua experiência? Não tens tido algumas ocasiões maravilhosas quando o teu coração vibrou com alegria em resposta ao Espírito de Deus? Quando olhas em retrospectiva os capítulos da experiência da tua vida, não encontras aí algumas páginas agradáveis? Não estão as promessas de Deus, como as lindas flores, crescendo junto da tua vereda por todos os lados? Não permitirás que a sua beleza e delicadeza encham o teu coração de alegria?

As silvas e os espinhos apenas te ferirão e afligirão; e se tu apenas colheres estas coisas, e as apresentares a outros, não estás tu, além de menosprezares a bondade de Deus, a impedir que os que estão à tua volta andem na vereda da Vida?

Não é sábio reunir todas as lembranças desagradáveis de uma vida passada - as suas falhas e os seus desapontamentos - falar delas e afligir-se por elas até que fiquemos abatidos pelo desânimo. Uma pessoa desanimada está cheia de medos, excluindo a luz de Deus do seu próprio coração e lançando uma sombra no caminho dos outros.

Graças a Deus pelas cenas agradáveis que Ele nos tem apresentado. Reunamos as abençoadas certezas do Seu amor, para que possamos olhar para elas continuamente: o Filho de Deus, deixando o trono do Pai, vestindo a Sua divindade com a humanidade, para que pudesse resgatar o homem do poder de Satanás; o Seu triunfo em nosso favor, abrindo o Céu aos homens, revelando à visão humana o lugar onde a Divindade manifesta a Sua glória; a raça caída, erguida do abismo da ruína para dentro do qual o pecado a tinha atirado, e posta de novo em união com o infinito Deus, e tendo suportado o teste divino pela fé no nosso Redentor, vestida com a justiça de Cristo, e exaltada ao Seu trono - estas são as cenas que Deus deseja que contemplemos.

Quando parece que duvidamos do amor de Deus e desconfiamos das Suas promessas, nós desonramos e ofendemos o Seu Santo Espírito. Como se sentiria uma mãe se os seus filhos estivessem a queixar-se constantemente dela, como se ela não lhes quisesse bem, quando o esforço de toda a sua vida tivesse sido no sentido de lhes proporcionar toda a feliciadde e o máximo conforto? Supõe que eles duvidassem do seu amor; isso entristeceria o seu coração. Como se sentiria qualquer pai de ser assim tratado pelos seus filhos? E como pode o nosso Pai Celestial considerar-nos, quando desconfiamos do Seu amor, que O levou a dar o Seu Filho unigénito para que possamos ter vida? O apóstolo escreve: "Aquele que nem mesmo o Seu próprio Filho poupou, antes O entregou por todos nós, como nos não dará também, com Ele, todas as coisas? Romanos 8:32. E, no entanto, quantos, pelas suas acções, se não por palavras, estão a dizer: "O Senhor não diz isto para mim. Talvez Ele ame outros, mas não a mim."

Tudo isto prejudica a tua própria alma; por cada palavra de dúvida que tu proferes estás a convidar as tentações de Satanás; estás a fortalecer em ti a tendência para duvidades, e isso afasta de ti, por se sentirem ofendidos, os anjos ministradores. Quando Satanás te tentar, não profiras palavra alguma de dúvida ou receio. Se optares por abrir a porta às suas sugestões, a tua mente encher-se-á de desconfiança e dúvida rebelde. Se expressares os teus sentimentos, cada dúvida que proferires não só se repercute sobre ti mesmo, como é uma semente que germinará e dará fruto na vida de outros, e pode ser impossível contrariar a influência das tuas palavras. Tu próprio podes ser capaz de recuperar de uma tentação ou armadilha de Satanás, mas outros, que foram arrastados pela tua influência, podem não ser capazes de escapar da incredulidade que tu lhes sugeriste. Quão importante é que falemos somente aquelas coisas que darão força e vida espirituais!

Há anjos atentos para ouvir que espécie de relatório tu estás a apresentar ao mundo acerca do teu Mestre Celestial. Que a tua conversação seja sobre Aquele que viveu para fazer intercessão por ti perante o Pai. Quando pegas na mão de um amigo, que haja louvor a Deus nos teus lábios e no teu coração. Isto atrairá os seus pensamentos para Jesus.

Todos têm provações; aflições difíceis de suportar, tentações a que é difícil resistir. Não contes as tuas dificuldades aos teus companheiros mortais, mas leva tudo a Deus em oração. Estabelece a regra de nunca proferires uma palavra de dúvida ou desânimo. Podes fazer muito para tornares mais alegre a vida de outros e fortaleceres os seus esforços, com palavras de esperança e alegria.

Há muita gente corajosa dolorosamente pressionada pela tentação, quase prestes a sucumbir no conflito com o eu e os poderes do Mal. Não desanimes essas pessoas na sua árdua luta. Encoraja-as com palavras de incentivo e esperança que as animem no seu caminho. Assim a luz de Cristo pode brilhar a partir de ti. "Nenhum de nós vive para si mesmo." Romanos 14:7. Pela nossa influência inconsciente, outros podem ser encorajados e fortalecidos, ou podem ser desanimados e afastados de Cristo e da verdade.

Há muitos que têm uma ideia errada da vida e do carácter de Cristo. Pensam que Ele não era simpático ou alegre, que Ele era austero, severo e tristonho. Em muitos casos, a experiência religiosa é prejudicial com estas opiniões sombrias.

Diz-se frequentemente que Jesus chorou e que Ele nunca foi visto a sorrir. O nosso Salvador foi, de facto, um Homem que sofreu, familiarizado com a aflição, pois Ele abriu o coração a todos os infortúnios dos homens. Mas, embora a Sua vida fosse abnegada e ensombrada com dores e cuidados, o Seu espírito não Se abatia. o Seu semblante não apresentava uma expressão de pesar e desgosto, mas estava sempre pacífico e sereno. O Seu coração era uma fonte de vida, e onde quer que ia levava repouso e paz, alegria e regozijo.

O nosso Salvador era profundamente sério e preocupava-Se sinceramente, mas nunca foi melancólico ou taciturno. A vida daqueles que O imitam deverá ser cheia de fervorosos propósitos; terão um senso profundo de responsabilidade pessoal. A leviandade será reprimida; não haverá diversão imoral, nem galhofas grosseiras; pelo contrário, a religião de Cristo dá paz como um rio. Não apaga a luz da alegria; não restringe a jovialidade, nem emsombra o rosto radiante e sorridente. Cristo veio não para ser servido, mas para servir; e, quando o Seu amor reina no coração, seguiremos o Seu exemplo.

Se dermos a primazia, na nossa mente, aos actos grosseiros e injustos dos outros, acharemos impossível amá-los como Cristo nos amou; mas se os nossos pensamentos se demorarem no amor e na compaixão maravilhosos de Cristo por nós, o mesmo espírito passará de nós para os outros. Devemos amar-nos e respeitar-nos uns aos outros, não obstante as faltas e imperfeições que não podem deixar de se ver. A humildade e a desconfiança do eu devem ser cultivadas, assim como uma paciente brandura para com as faltas dos outros. Isto aniquilará todo o egoísmo mesquinho e fará com que sejamos generososs e magnânimos.

O Salmista diz: "Confia no Senhor e faz o bem; habitarás na terra e verdadeiramente serás alimentado." Salmos 37:3. "Confia no Senhor." Cada dia tem as suas cargas, os seus cuidados e as suas perplexidades; e quando nos encontramos uns com os outros, tendemos, muitas vezes, a falar das nossas dificuldades e provações. Tantos problemas alheios se insinuam, condescendemos com tantos temores, exprimimos um tão grande peso de ansiedade, que uma pessoa poderia supor que não temos um Salvador misericordioso e amoroso pronto a ouvir todos os nossos pedidos e a ser para nós uma ajuda presente em cada ocasião de necessidade.

Alguns estão sempre temerosos e a pensar em problemas. Cada dia são rodeados com os sinais do amor de Deus; cada dia estão a desfrutar dos benefícios da Sua providência; mas passam por alto estas bênçãos presentes. A sua mente está continuamente a pensar em coisas desagradáveis que receiam que possam vir; ou em alguma dificuldade que pode realmente existir que, embora pequena, cega os seus olhos para as muitas coisas que devem agradecer. As dificuldades que enfrentam, em vez de os impelir para Deus, a única Fonte de ajuda, separam-nos d'Ele, porque despertaram o desassossego e a murmuração.

Fazemos nós bem em ser assim incrédulos? Porque havemos de ser ingratos e desconfiados? Jesus é o nosso amigo; todo o Céu está interessado no nosso bem-estar. Não devemos permitir que as perplexidades e preocupações de cada dia aflijam a mente e anuviem a fronte. Se o fizermos, teremos sempre alguma coisa para nos molestar e incomodar. Não devemos condescender com uma solicitude que apenas nos irrita e desgasta, mas que não nos ajuda a suportar provações.

Podes estar perplexo nos negócios; as tuas perspectivas podem ficar cada vez mais sombrias e podes até ser ameaçado com perdas; mas não te deixes desanimar; lança os teus cuidados sobre Deus, e permanece calmo e animado. Ora por sabedoria para dirigires os teus negócios com discrição e assim evitares perdas e desastres. Faz tudo o que estiver ao teu alcance para alcançares resultados favoráveis. Jesus prometeu a Sua ajuda, mas não à parte do nosso esforço. Quando, confiando no nosso Ajudador, fizeres tudo ao teu alcance, aceita os resultados alegremente.

Não é vontade de Deus que o seu povo esteja sobrecarregado com cuidados. Mas o nosso Senhor não nos engana. Ele não nos diz: "Não temas; não há perigo algum no teu caminho." Ele sabe que há provações e perigos, e por isso lida connosco francamente. Ele não Se propõe tirar o Seu povo de um mundo de pecado e maldade, mas aponta-lhes um refúgio que nunca falha. A Sua oração pelos Seus discípulos foi: "Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal." No mundo", disse Ele, "tereis aflições, mas, tende bom ânimo, Eu venci o mundo." João 17:15; 16:33.

No Seu sermão da montanha, Cristo ensinou preciosas lições aos Seus discípulos a respeito da necessidade de confiar em Deus. Estas lições destinavam-se a animar os filhos de Deus em todas as épocas, e elas chegaram até ao nosso tempo plenas de instrução e conforto. O Salvador apontou aos Seus seguidores as aves do ar, enquanto chilreavam nos seus gorjeios de louvor, livres de pensamentos de inquietação, "que nem semeiam, nem segam." E, no entanto, o grande Pai satisfaz as suas necessidades. O Salvador pergunta: "Não tendes vós muito mais valor do que elas?" Mateus 6:26. O grande Fornecedor dos homens e animais abre a Sua mão e supre todas as Suas criaturas. As aves do céu não Lhe passam despercebidas. Ele não coloca o alimento nos seus bicos, mas providencia para as suas necessidades. Elas devem colher as sementes que Ele espalhou para elas. Devem preparar o material para os seus pequenos ninhos. Devem alimentar os seus filhotes. Elas saem para o seu labor a cantar, porque o "vosso Pai Celestial as alimenta." E "não tendes vós muito mais valor do que elas?" Não sois vós, como adoradores inteligentes e espirituias, de mais valor do que as aves do céu? Não proverá o Autor do nosso ser, o Preservador da nossa vida, Aquele que nos formou à Sua própria imagem, as nossas próprias necessidades se simplesmente confiarmos n'Ele?

Cristo apontou aos Seus discípulos as flores do campo, crescendo em abundância e resplandecendo com a beleza simples com a qual o Pai Celestial as dotou, como uma expressão do Seu amor pelo homem. Ele disse: "Olhem os lírios do campo, como eles crescem." A beleza e a simplicidade destas flores naturais sobrepujam em excelência o esplendor de Salomão. O mais vistoso vestuário produzido pela habilidade da arte não se pode comparar com a graça natural e a beleza radiante das flores da criação de Deus. Jesus pergunta: "Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?" Mateus 6:28, 30. Se Deus, o artista divino, dá às flores, que perecem num dia, as suas delicadas e variadas cores, quanto maior cuidado Ele não tem por aqueles que foram criados à Sua própria imagem? Esta lição de Cristo é uma censura aos pensamentos ansiosos, às perplexidades e dúvidas do coração desprovido de fé.

O Senhor deseja que todos os Seus filhos e filhas sejam felizes, pacíficos e obedientes. Jesus diz: "A Minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." "Tenho-vos dito isto, para que o Meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo." João 14:27; 15:11.

A felicidade que é procurada por motivos egoístas, fora do caminho do dever, é desequilibrada, cheia de altos e baixos e transitória; mas há alegria e satisfação no serviço de Deus; o cristão não é deixado a andar em veredas incertas; não é deixado no meio de tristezas e desapontamentos. Se não tivermos os prazeres desta vida, podemos ainda ser felizes ao olharmos para a vida futura na eternidade.

Mas, mesmo aqui, os cristãos podem ter a alegria da comunhão com Cristo; podem ter a luz do Seu amor, o consolo perpétuo da Sua presença. Cada passo na vida pode trazer-nos para mais perto de Jesus, pode dar-nos uma experiência mais profunda do Seu amor, e trazer-nos um passo para mais perto do abençoado lar de paz. Portanto, não rejeitemos a nossa confiança, mas tenhamos firme certeza, mais firme do que nunca antes. "Até aqui nos ajudou o Senhor", e Ele nos ajudará até ao fim (I Samuel 7:12). Olhemos para os marcos comemorativos, recordações daquilo que o Senhor tem feito para nos confortar e salvar da mão do destruidor. Mantenhamos vívidas na nossa memória todas as ternas misericórdias que o Senhor nos tem mostrado - as lágrimas que Ele limpou, as dores que Ele suavizou, as ansiedades removidas, os temores dispersados, as necessidades supridas, as bênçãos concedidas - fortalecendo-nos assim para tudo o que está diante de nós no resto da nossa peregrinação.

Podemos, sem dúvida, esperar por novas perplexidades no conflito vindouro, mas podemos também olhar tanto para o passado como para o futuro, e dizer: "Até aqui nos ajudou o Senhor." "E a tua força será como os teus dias." Deuteronómio 33:25. A prova não excederá a força que nos será dada para a suportar. Então, peguemos no nosso trabalho exactamente onde o encontramos, crendo que seja o que for que aconteça, ser-nos-á dada força proporcional à prova.

E em breve os portões do Céu serão abertos de par em par para receber os filhos de Deus, e dos lábios do Rei da glória soará a bênção que penetrará nos seus ouvidos como a mais preciosa música: "Vinde benditos do Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo." Mateus 25:34.

Então, os remidos serão bem-vindos ao lar que Jesus está a preparar para eles. Aí, os seus companheiros não serão os vis da Terra, os mentirosos, os idólatras, os impuros e os incrédulos; pelo contrário, eles associar-se-ão com aqueles que venceram Satanás e pela graça divina formaram caracteres perfeitos. Toda a tendência pecaminosa, toda a imperfeição que os aflige aqui foram removidas pelo sangue de Cristo, e a grandeza e o esplendor da Sua glória, excedendo em muito o brilho do sol, são-lhes conferidos. E a beleza moral, a perfeição do seu carácter, resplandecem através deles, excedendo em muito a importância deste esplendor exterior. Eles estão sem falta perante o grande trono branco, partilhando a dignidade e os privilégios dos anjos.

Em face da gloriosa herança que pode ser sua, "que dará o homem em recompensa da sua alma?" Mateus 16:26. Ele pode ser pobre, todavia possui em si mesmo uma riqueza e dignidade que o mundo nunca poderia dar. A pessoa redimida e purificada do pecado, com todas as suas nobres faculdades dedicadas ao serviço de Deus, é de um valor transcendente; e há alegria no Céu, na presença de Deus e dos anjos, quando um pecador é resgatado, e essa alegria é expressa em cânticos de triunfo.


«SE  ÉS  UM  SEGUIDOR  DE  CRISTO,
ELE  ENVIA  ATRAVÉS  DE  TI  UMA  CARTA
À  TUA  FAMÍLIA,  À  ALDEIA,  À  RUA  ONDE  TU  VIVES.»


«DEIXA  OS  ESPINHOS  EM  PAZ,
POIS  ELES  SÓ  TE  VÃO  MAGOAR.
COLHE  AS  ROSAS,  OS  LÍRIOS  E  OS  CRAVOS.»


«A  RELIGIÃO  DE  CRISTO  DÁ  PAZ  COMO  UM  RIO.
NÃO  APAGA  A  LUZ  DA  ALEGRIA.»


«TEMOS  UM  SALVADOR  MISERICORDIOSO  E  AMOROSO,
PRONTO  A  OUVIR  TODOS  OS  NOSSOS  PEDIDOS
E  A  SER  PARA  NÓS  UMA  AJUDA  PRESENTE  EM  CADA  OCASIÃO  DE  NECESSIDADE.»


«ELE  NÃO  SE  PROPÕE
TIRAR  O  SEU  POVO  DE  UM  MUNDO  DE  PECADO  E  MALDADE,
MAS  APONTA-LHES  UM REFÚGIO  QUE  NUNCA  FALHA.»


«SE  NÃO  TIVERMOS  OS  PRAZERES  DESTA  VIDA,
PODEMOS  AINDA  SER  FELIZES
EM  OLHAR  PARA  A  VIDA  FUTURA  NA  ETERNIDADE.»

sexta-feira, 2 de julho de 2010

12. EXPULSA A DÚVIDA


Muitos, especialmente os que são novos na vida cristã, são, por vezes, perturbados com as sugestões de cepticismo. Há muitas coisas na Bíblia, que não sabem explicar, ou sequer compreender, e Satanás emprega estas coisas para abafar a sua fé nas Escrituras como uma revelação de Deus. Eles perguntam: "Como posso saber qual é o caminho verdadeiro? Se a Bíblia é, na verdade, a Palavra de Deus, como posso libertar-me destas dúvidas e perplexidades?"

Deus nunca nos pede para crermos sem nos dar evidências suficientes sobre as quais basear a nossa fé. A Sua existência, o Seu carácter, a veracidade da Sua Palavra, estão todos demonstrados num testemunho que apela à nossa razão; e este testemunho é abundante. Todavia, Deus nunca removeu a possibilidade de dúvida. A nossa fé deve repousar sobre evidência e não demonstração. Aqueles que quiserem duvidar terão oportunidade para isso; enquanto que aqueles que desejarem realmente conhecer a verdade encontrarão ampla evidência sobre a qual firmar a fé.

É impossível à mente finita compreender plenamente o carácter ou as obras do Infinito. Para o intelecto mais brilhante, a mente mais altamente educada, esse Ser santo deve permanecer sempre envolto em mistério: "Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso? Como as alturas dos céus é a Sua sabedoria; que poderás tu fazer? Mais profunda é ela do que o inferno, que poderás tu saber?" Job 11:7, 8.

O apóstolo Paulo exclama: "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inexcrutáveis os Seus caminhos!" Romanos 11:33. Mas, embora "nuvens e escuridão estejam ao Seu redor", "justiça e juízo são a base do Seu trono." Salmos 97:2. Agora podemos compreender a Sua maneira de lidar connosco, e os motivos que O movem; podemos discernir amor e misericórdia ilimitados, unidos ao poder infinito. Podemos compreender tanto dos Seus propósitos quanto seja para o nosso bem conhecer; e, para além disto, devemos ainda confiar na mão que é omnipotente e no coração que está cheio de amor.

A Palavra de Deus, como o carácter do seu divino Autor, apresenta mistérios que nunca podem ser plenamente compreendidos por seres finitos. A entrada do pecado no mundo, a encarnação de Cristo, a regeneração, a ressurreição e muitos outros temas apresentados na Bíblia, são mistérios demasiado profundos para a mente humana explicar, ou mesmo compreender plenamente. Mas não temos razão alguma para duvidar da Palavra de Deus por não podermos compreender os mistérios da Sua providência. No mundo natural, estamos constantemente rodeados de mistérios que não conseguimos entender. As mais humildes formas de vida representam um problema que o mais sábio dos filósofos não pode explicar. Por toda a parte encontram-se maravilhas que ultrapassam a nossa inteligência. Deveríamos ficar surpreendidos de encontrar no mundo espiritual mistérios insondáveis? A dificuladde reside apenas na debilidade e estreiteza do intelecto humano. Deus deu-nos nas Escrituras provas suficientes do carácter divino das mesmas, e não temos o direito de duvidar da Sua palavra pelo facto de não podermos entender todos os mistérios da Sua providência.

O apóstolo Pedro diz que há nas escrituras "coisas difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, ... para sua própria destruição." II Pedro 3:16. As dificuldades da Escritura têm sido apontadas pelos cépticos como argumento contra a Bíblia; mas, pelo contrário, elas constituem forte evidência da sua divina inspiração. Se elas não contivessem nenhuma declaração de Deus, mas somente o que pudéssemos facilmente compreender; se a Sua grandeza e majestade pudessem ser entendidas por mentes finitas, então a Bíblia não conteria as credenciais inegáveis de autoridade divina. A própria grandeza e o mistério dos temas apresentados deveriam inspirar fé nela como a Palavra de Deus.

A Bíblia revela a verdade com uma simplicidade e uma perfeita adaptação às necessidades e aos desejos do coração humano, que tem surpreendido e encantado as mentes mais cultas, enquanto que habilita o mais humilde e inculto a encontrar o caminho da salvação. E, contudo, estas verdades declaradas de modo simples abarcam temas tão elevados, de tão vasto alcance, tão infinitamente para além do poder da compreensão humana, que as podemos aceitar somente porque Deus as declarou. Assim o plano da redenção é desdobrado perante nós, para que cada pessoa possa ver os passos que precisa de dar em arrependimento para com Deus e fé para com o nosso Senhor Jesus Cristo, a fim de ser salva da maneira designada por Deus; todavia, sob estas verdades, tão facilmente compreendidas, permanecem mistérios que encobrem a Sua glória - mistérios que ultrapassam a mente na sua pesquisa, mas que inspiram reverência e fé ao pesquisador sincero da verdade. Quanto mais ele pesquisa a Bíblia, mais profunda é a sua convicção de que ela é a Palavra do Deus vivo, e a razão humana curva-se ante a majestade da revelação divina.

Reconhecer que não conseguimos compreender completamente as grandes verdades da Bíblia é apenas admitir que a mente finita é inadequada para abarcar o infinito; que o homem, com o seu conhecimento humano limitado, não consegue compreender os propósitos da Omnisciência.

Porque não conseguem sondar todos os seus mistérios, o céptico e o infiel rejeitam a Palavra de Deus; e nem todos os que professam crer na Bíblia estão livres de perigo neste ponto. O apóstolo Paulo diz: "Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e descrente, para se apartar do Deus vivo." Hebreus 3:12. É correcto estudar de perto os ensinos da Bíblia e pesquisar "as coisas profundas de Deus" tão longe quanto elas estão reveladas na Escritura (I Coríntios 2:10). Enquanto que "as coisas encobertas são para o Senhor, nosso Deus, as reveladas, porém, são para nós." Deuteronómio 29:29. Mas é trabalho de Satanás perverter as faculdades investigativas da mente. Um certo orgulho é misturado com o estudo da verdade da Bíblia, de modo que os homens se sentem impacientes e derrotados se não conseguem explicar, a seu contento, cada porção da Escritura. É demasiado humilhante para eles reconhecerem que não compreendem as palavras inspiradas. Não se dispõem a esperar pacientemente até que Deus ache conveniente revelar-lhes a verdade. Sentem que a sua sabedoria humana é suficiente para os habilitar a compreender a Escritura e, não o conseguindo, negam virtualmente a sua autoridade. É verdade que muitas teorias e doutrinas, que popularmente se supõe terem derivado da Bíblia, não têm nenhum fundamento no seu ensino, e são, na verdade, contrárias a todo o teor da inspiração. Estas coisas têm sido uma causa de dúvida e perplexidade para muitas mentes. Elas não são, contudo, da responsabilidade da Palavra de Deus, mas da perversão dela por parte do homem.

Se fosse possível a seres criados atingir uma completa compreensão de Deus e das Suas obras, então, tendo atingido este ponto, não haveria para eles mais nenhuma descoberta da verdade, nenhum crescimento no conhecimento, nenhum novo desenvolvimento da mente ou do coração. Deus deixaria de ser supremo; e o homem, tendo atingido o limite do conhecimento e da consecução, deixaria de avançar. Agradeçamos a Deus por não ser assim. Deus é infinito: n'Ele "estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência." Colossenses 2:3. E por toda a eternidade os homens poderão estar sempre a pesquisar, sempre a aprender sem nunca esgotarem os tesouros da Sua sabedoria, da Sua bondade e do Seu poder.

Deus pretende que, mesmo nesta vida, as verdades da Sua Palavra estejam constantemente a ser desvendadas ao Seu povo. Há apenas um meio pelo qual este conhecimento pode ser alcançado. Nós só podemos alcançar uma compreensão da Palavra de Deus mediante a iluminação do Espírito pelo qual a Palavra foi dada. "Ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus"; "porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus." I Coríntios 2:11, 10. E a promessa do Salvador aos discípulos foi: "Quando vier aquele Espírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade; ... Porque há-de receber do que é Meu, e vo-lo há-de anunciar." João 16:13, 14.

Deus deseja que o homem exercite as suas faculdades de raciocínio; e o estudo da Bíblia fortalecerá e elevará a mente como nenhum estudo o pode fazer. Contudo, devemos acautelar-nos para não deificarmos a razão, a qual está sujeita às fraquezas e enfermidades da humanidade. Se não queremos que as Escrituras se fechem à nossa compreensão, de modo que as verdades mais claras deixem de ser compreendidas, devemos ter a simplicidade e a fé de uma criancinha, pronta para aprender, e rogando a ajuda do Espírito Santo. A noção do poder e da sabedoria de Deus, e da nossa incapacidade em compreender a Sua grandeza, deveria inspirar-nos humildade, e deveríamos abrir a Sua Palavra como se entrássemos na Sua presença, com santidade e temor. Quando nos abeiramos da Bíblia, a razão deve reconhecer uma autoridade superior a si mesma, e o coração e o intelecto devem curvar-se perante o grande EU SOU.

Há muitas coisas aparentemente difíceis ou obscuras, que Deus tornará claras e simples àqueles que assim buscam uma compreensão delas. Mas, sem a orientação do Espírito Santo, estaremos continuamente sujeitos a torcer as Escrituras ou a interpretá-las mal. Há muita leitura da Bíblia sem proveito algum e em muitos casos até prejudicial. Quando a Palavra de Deus é aberta sem reverência e oração; quando os pensamentos e as afeições não estão fixos em Deus, ou em harmonia com a Sua vontade, a mente fica nublada com dúvidas; e, no próprio estudo da Bíbia, fortalece-se o cepticismo. O inimigo toma o controlo dos pensamentos, e sugere interpretações que não são correctas. Sempre que os homens não estiverem, em palavras e actos, em harmonia com Deus, então, não importa quão cultos sejam, estão sempre sujeitos a errar na sua compreensão das Escrituras, e não é seguro confiar nas suas explicações. Aqueles que vão às Escrituras para encontrar discrepâncias não têm visão espiritual. Com visão distorcida, verão muitas razões para dúvida e descrença em coisas que são realmente claras e simples.

Disfarcem-no como quiserem, a verdadeira causa para a dúvida e o cepticismo, em muitos casos, é o amor ao pecado. Os ensinos e as restrições da Palavra de Deus não são bem-vindos ao coração orgulhoso, amante do pecado, e os que não estão dispostos a obedecer aos seus requisitos estão prontos a duvidar da sua autoridade. Para chegarmos à verdade, precisamos de ter um desejo sincero de conhecer a verdade e uma disposição de coração para lhe obedecer. E todos os que se chegarem ao estudo da Bíblia com este espírito encontrarão grande evidência de que ela é a Palvra de Deus, e podem obter uma compreensão das suas verdades que os farão sábios para a salvação.

Cristo disse: "Se alguém quiser fazer a vontade d'Ele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus." João 7:17. Em vez de questionar e cavilar a respeito daquilo que não compreendes, presta atenção à luz que já brilha sobre ti, e então receberás maior luz. Pela graça de Cristo, realiza todo o dever que se tornou claro à tua compreensão, e serás habilitado a compreender e a realizar aqueles dos quais agora duvidas.

Há uma evidência que está patente a todos - aos mais cultos e aos mais iletrados - a evidência da experiência. Deus convida-nos a provar por nós mesmos a fidedignidade da Sua palavra, a verdade das Suas promessas. Ele ordena-nos: "Provai e vede que o Senhor é bom." Salmos 34:8. Em vez de dependermos da palavra de outrem, devemos provar por nós mesmos. Ele declara: "Pedi, e recebereis." João 16:24. As Suas promessas cumprir-se-ão. Elas nunca falharam; elas nunca podem falhar. E, à medida que nos aproximarmos de Jesus, nos regozijarmos na plenitude do Seu amor, as nossas dúvidas e os nossos receios desaparecerão perante a luz da Sua presença.

O apóstolo Paulo diz que Deus "nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor." Colossenses 1:13. E todo aquele que passou da morte para a vida "esse confirmou que Deus é verdadeiro". João 3:33. Ele pode testificar: "Eu precisava de ajuda, e encontrei-a em Jesus. Cada necessidade foi suprida, a fome da minha alma foi satisfeita; e agora a Bíblia é para mim a revelação de Jeus Cristo. Perguntas porque é que eu creio em Jesus Cristo? Porque Ele é para mim um Salvador divino. Porque creio na Bíblia? Porque descobri que ela é a voz de Deus que fala ao meu coração. "Nós podemos ter o testemunho, em nós mesmos, de que a Bíblia é verdadeira, de que Cristo é o Filho de Deus. Sabemos que não estamos a seguir fábulas engenhosamente elaboradas.

Pedro exorta os seus irmãos a crescer "na graça e conhecimento do nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo." II Pedro 3:18. Quando o povo de Deus está a crescer na graça, está a obter constantemente uma compreensão mais clara da Sua Palavra. Discernirá nova luz e beleza nas Suas sagradas verdades. Isto tem sido verdade na História da Igreja em todas as épocas, e assim continuará a ser até ao fim. "A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais, até ser dia perfeito." Provérbios 4:18.

Pela fé, podemos olhar para o futuro e entender a promessa de Deus para um crescimento do intelecto: as faculdades humanas unindo-se com o divino e sendo colocadas em contacto directo com a Fonte da luz. Podemos regozijar-nos de que, na providência de Deus, aquilo que nos tem causado perplexidade será então tornado claro, as coisas difíceis de compreender encontrarão então uma explicação; e onde a nossa mente finita apenas descobriu confusão e propósitos frustrados, veremos a mais perfeita e bela harmonia. "Agora, vemos por espelho, em enigma, mas, então, veremos face a face; agora conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido." I Coríntios 13:12.


«DEUS  NUNCA  NOS  PEDE  PARA  CRERMOS
SEM  NOS  DAR  EVIDÊNCIAS  SUFICIENTES  SOBRE  AS  QUAIS  BASEAR  A  NOSSA  FÉ.»


«RECONHECER  QUE  NÃO  CONSEGUIMOS  COMPREENDER  COMPLETAMENTE
AS  GRANDES  VERDADES  DA BÍBLIA  É  APENAS  ADMITIR
QUE  A  MENTE  FINITA  É  INADEQUADA  PARA  ABARCAR  O  INFINITO.»


«DEUS  CONVIDA-NOS  A  PROVAR  POR  NÓS  MESMOS  A  FIDEDIGNIDADE  DA  SUA  PALAVRA,
A  VERDADE  DAS  SUAS  PROMESSAS.
ELE  ORDENA-NOS:  "PROVAI  E  VEDE  QUE  O  SENHOR  É  BOM.» SALMOS 34:8

sexta-feira, 25 de junho de 2010

11. O PRIVILÉGIO DE FALAR COM DEUS


Deus fala-nos através da Natureza, da Revelação, da Sua providência e da influência do Seu Espírito. Mas estas não são suficientes; nós precisamos também de Lhe abrir o nosso coração. A fim de termos vida e energias espirituais, devemos ter um relacionamento real com o nosso Pai Celestial. A nossa mente pode ser atraída para Ele; podemos meditar nas Suas obras, misericórdias e bênçãos; mas isto não é, no sentido pleno, comungar com Ele. Para comungarmos com Deus, devemos ter alguma coisa a dizer-Lhe a respeito da nossa vida real.

A oração é abrir o coração a Deus como a um amigo. Não que seja necessário para que Deus saiba o que somos, mas a fim de nos capacitar a recebê-l'O. A oração não nos traz Deus do alto até nós, mas eleva-nos até Ele.

Quando Jesus esteve na Terra, Ele ensinou os Seus discípulos a orar. Ele instruiu-os a apresentar as suas necessidades diárias diante de Deus, e a lançar sobre Ele todos os seus cuidados. E a certeza que Ele lhes deu, de que as suas orações seriam ouvidas, é uma certeza também para nós.

O próprio Jesus, enquanto viveu entre os homens, estava frequentemente em oração. O nosso Salvador identificou-Se com as nossas necessidades e fraquezas, pois tornou-Se um suplicante, pedindo ao Seu pai novas provisões de força, para que pudesse sair fortalecido para o dever e as provas. Ele é o nosso exemplo em todas as coisas. Ele é um irmão nas nossas doenças, "como nós, em tudo foi tentado"; mas Ele era o Ser sem pecado, e a Sua natureza revoltava-se contra o mal. Ele suportou lutas e torturas de alma num mundo de pecado. A Sua humanidade fez da oração uma necessidade e um privilégio. Ele encontrou conforto e alegria na comunhão com o Seu pai. E se o Salvador dos homens, o filho de Deus, sentiu necessidade de orar, quanto mais deviam seres mortais, fracos e pecadores, sentir a necessidade de oração fervorosa e constante.

O nosso Pai Celestial deseja derramar sobre nós a plenitude da Sua bênção. É nosso privilégio beber abundantemente na fonte do ilimitado amor. Que espanto orarmos tão pouco! Deus está pronto e disposto a ouvir a oração sincera do mais humilde dos Seus filhos; contudo, manifesta-se demasiada relutância da nossa parte em tornar conhecidas as nossas necessidades a Deus. Que podem os anjos celestiais pensar de pobres seres humanos impotentes, que estão sujeitos à tentação, quando o coração de Infinito Amor de Deus anseia por eles, pronto a dar-lhes mais do que eles podem pedir ou pensar, e todavia eles oram tão pouco e têm tão pouca fé? Os anjos gostam de prostrar-se diante de Deus; gostam de estar perto d'Ele. Eles consideram a comunhão com Deus a sua maior alegria; e os filhos da Terra, que precisam tanto da ajuda que só Deus pode dar, parecem satisfeitos em andar sem a luz do Seu Espírito, o companheirismo da Sua presença.

As trevas do maligno envolvem aqueles que negligenciam a oração. As tentações segredadas pelo inimigo seduzem-nos a pecar; e tudo isto porque eles não fazem uso dos privilégios que Deus lhes tem dado no encontro divino da oração. Porque são os filhos e as filhas de Deus tão relutantes em orar quando a oração é a chave na mão da fé para abrir o armazém do Céu, onde estão entesourados os ilimitados recursos da Omnipotência? Sem oração incessante e vigilância diligente estamos em perigo de nos tornarmos cada vez mais descuidados e de nos desviarmos do caminho certo. O adversário busca continuamente obstruir o caminho para o trono da graça, para que nós não possamos, mediante súplica fervorosa e fé, obter graça e poder para resistir à tentação.

Há certas condições para que possamos esperar que Deus oiça e responda às nossas orações. Uma das primeiras é que sintamos a nossa necessidade da Sua ajuda. Ele prometeu: "Derramarei água sobre o sedento, e riso sobre a terra seca." Isaías 44:3. Os que sentem fome e sede de justiça, que anseiam por Deus, podem estar certos de que serão satisfeitos. O coração deve abrir-se à influência do Espírito, caso contrário, a bênção de Deus não pode ser recebida.

A nossa grande necessidade é, em si mesma, um argumento e intercede eloquentemente em nosso favor. Mas devemos pedir ao Senhor para fazer estas coisas para nós. Ele diz: "Pedi, e dar-se-vos-á." Mateus 7:7. E "Aquele que nem mesmo a Seu próprio Filho poupou, antes O entregou por todos nós, como nos não dará também, com Ele, todas as coisas?" Romanos 8:32.

Se acariciarmos a maldade no nosso coração, se nos apegarmos a algum pecado conhecido, o Senhor não nos ouvirá; mas a oração do coração penitente e contrito é sempre ouvida. Quando todos os males conhecidos forem corrigidos, podemos crer que Deus ouvirá as nossas petições. Os nossos próprios méritos nunca nos recomendarão ao favor de Deus; é a dignidade de Jesus que nos salvará, o Seu sangue que nos purificará; todavia, temos uma obra a fazer, cumprindo com as condições de aceitação.

Outro elemento de oração vitoriosa é a fé. "É necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que é galardoador dos que O buscam." Hebreus 11:6. Jesus disse aos Seus discípulos: "Tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis." Marcos 11:24. Cremos nós na Sua palavra?

A certeza é ampla e ilimitada, e Aquele que prometeu é fiel. Quando não recebemos as coisas exactas que pedimos, na altura que pedimos, devemos continuar a crer que o Senhor ouve e responderá às nossas orações. Somos tão errantes e faltos de vista que às vezes pedimos coisas que não seriam uma bênção para nós, e o nosso Pai Celestial responde, com amor, às nosssas orações, dando-nos aquilo que será para o nosso melhor bem - aquilo que nós próprios desejaríamos se, com visão divinamente iluminada, pudéssemos ver todas as coisas como elas são realmente. Quando as nossas orações parecem não ser respondidas, devemos apegar-nos à promessa, pois o tempo da resposta virá certamente, e receberemos a bênção de que mais necessitarmos. Mas pretender que a oração será sempre respondida, conforme a coisa especial que pedimos e da maneira exacta como desejamos, é presunção. Deus é demasiado sábio para errar e demasiado bom para reter qualquer coisa boa aos que andam rectamente. Portanto, não temas confiar n'Ele, ainda que não vejas a resposta imediata às tuas orações. Descansa na Sua promessa: "Pedi, e dar-se-vos-á."

Se nos aconselharmos com as nosss dúvidas e temores, ou tentarmos solucionar tudo o que não podemos ver claramente, antes de termos fé, as perplexidades apenas aumentarão e se aprofundarão. Mas, se formos a Deus, sentindo-nos impotentes e dependentes, como somos na verdade, e com humildade e confiança tornarmos conhecidas as nossas necessidades Àquele cujo conhecimento é infinito, que vê tudo na criação, e que governa tudo pela Sua vontade e palavra, Ele pode e quer atender ao nosso pedido, e fará brilhar luz no nosso coração. Mediante a oração sincera somos colocados em união com a mente do Infinito. Podemos não ter evidência alguma notável, na ocasião, de que a face do nosso Redentor está virada para nós com compaixão e amor, mas isto é assim mesmo. Podemos não sentir o Seu toque visível, mas a Sua mão está sobre nós com amor e ternura.

Quando nos aproximamos de Deus para Lhe pedir misericórdia e bênçãos, deveríamos ter um espírito de amor e perdão no nosso próprio coração. Como podemos orar: "Perdoa-nos as nossa dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores" (Mateus 6:12), e não obstante condescendermos com um espírito imperdoador? Se esperamos que as nossas próprias orações sejam ouvidas, devemos perdoar aos outros da mesma maneira e na mesma medida que esperamos ser perdoados.

A perseverança na oração é uma condição para receber. Devemos orar sempre, se quisermos crescer na fé e experiência. Devemos ser "insistentes na oração" (Romanos 12:12), "perseverar na oração, e vigiar nela com acção de graças" (Colossences 4:2). Pedro exorta os crentes a serem "sóbrios e vigiarem em oração." I Pedro 4:7. Paulo instrui: "As vossas petições sejam em tudo conhecidas, diante de Deus, pela oração e súplicas, com acção de graças." Filipenses 4:6. "Mas vós, amados", diz Judas, "orando no Espírito Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus." Judas 20, 21. A oração incessante é a união constante entre a pessoa e Deus, de maneira que a vida de Deus flui para a nossa vida; e da nossa vida reflui pureza e santidade para Deus.

Há necessidade de diligência na oração; não permitas que nada te impeça quanto a ela. Faz todo o esforço por manteres aberta a comunhão entre Jesus e o teu coração. Procura oportunidades para ires onde se vai fazer oração. Aqueles que querem realmente ter comunhão com Deus serão vistos na reunião de oração, fiéis em cumprir o seu dever e fervorosos e ansiosos em colher todos os benefícios que puderem obter. Aproveitarão toda a oportunidade para se colocarem onde possam receber os raios de luz do Céu.

Devemos orar no círculo da família, e, acima de tudo, não devemos negligenciar a oraçãos secreta, pois é ela que sustenta a nossa vida espiritual. É impossível que a espiritualidade de uma pessoa floresça se a oração for negligenciada. A oração apenas na família ou em público não é suficiente. Na solidão, permite que o teu coração se abra inteiramente ao olhar perscrutador de Deus. A oração secreta só deve ser ouvida pelo Deus que ouve as orações. Nenhum ouvido curioso deve receber o fardo de tais petições. Na oração secreta, a mente fica livre das influências do ambiente, livre da agitação. Calma, mas fervorosamente, poderá alcançar Deus. Suave e duradoura será a influência que emana d'Aquele que vê em secreto, cujo ouvido está atento para ouvir a oração brotando do coração. Mediante fé calma e simples, a pessoa entretém comunhão com Deus e reune para si mesma raios de luz divina para fortalecer e suster no conflito com Satanás. Deus é a nossa torre de fortaleza.

Ora no teu aposento e, ao saíres para te ocupares no teu trabalho diário, ergue frequentemente o teu coração a Deus.

Foi assim que Enoque andou com Deus. Estas orações silenciosas erguem-se como incenso precioso diante do trono da graça. Satanás não pode vencer aquele cujo coração está assim firme em Deus.

Não há tempo ou lugar em que seja inapropriado dirigir uma petição a Deus. Não há nada que possa impedir-nos de mantermos o nosso coração no espírito de oração fervorosa. Entre as multidões da rua, no meio duma transacção comercial, podemos fazer uma oração a Deus e rogar por guia divina, tal como Neemias quando fez o seu pedido perante o rei Artaxerxes. Podemos encontrar um lugar de comunhão onde quer que estejamos. Deveríamos ter a porta do coração aberta continuamente e o nosso convite ascendendo ao Céu para que Jesus possa vir e habitar no nosso coração como um convidado especial.

Embora possa haver uma atmosfera poluída e corrompida ao nosso redor, não precisamos de respirar os seus miasmas, mas podemos viver no ar puro do céu. Podemos fechar todas as portas a imaginações impuras e pensamentos não santificados, se erguermos a mente à presença de Deus por meio da oração sincera. Aqueles cujo coração está aberto para receber o apoio e a bênção de Deus, andarão numa atmosfera mais santa do que a Terra e terão constante comunhão com o Céu.

Precisamos de ter perspectivas mais claras de Jesus e uma compreensão mais plena do valor das realidades eternas. A beleza da santidade deve encher o coração dos filhos de Deus; e, para que isto possa acontecer, deveríamos pedir a Deus revelações divinas de coisas celestiais.

Que o nosso coração se abra e se eleve, para que Deus possa conceder-nos um vislumbre da atmosfera celestial. Podemos manter-nos tão perto de Deus que em toda a inesperada provação os nossos pensamentos se voltem para Ele tão naturalmente como a flor se volta para o sol.

Leva as tuas necessidades, alegrias, tristezas, cuidados e temores a Deus. Tu não O sobrecarregas; não O fatigas. Aquele que conta os cabelos da tua cabeça não é indiferente às necessidades dos Seus filhos. "O Senhor é muito misericordioso e piedoso." Tiago 5:11. O Seu coração de amor é tocado pelas nossas tristezas e até pela nossa referência a elas. Nada é grande de mais para Ele suportar, pois Ele sustém os mundos e governa sobre todos os assuntos do Universo. Nada do que diz respeito à nossa paz é demasiado pequeno para Ele. Não há capítulo demasiado negro na nossa existência que Ele não leia; não há dificuldade demasiado difícil que Ele não solucione. Nenhuma calamidade cai sobre o mais pequeno dos Seus filhos, nenhuma ansiedade perturba o coração, nenhum regozijo feliz, nenhuma oração sincera escapa dos lábios, que o nosso Pai Celestial não observe, ou pelos quais não Se interesse imediatamente. "Ele sara os quebrantados de coração, e liga-lhes as feridas." Salmos 147:3. As relações entre Deus e cada pessoa são tão distintas e plenas como se não houvesse outra sobre a Terra para ser alvo do Seu cuidado vigilante, nenhuma outra pessoa por quem Ele deu o Seu amado Filho.

Jesus disse: "Pedireis em Meu nome, e não vos digo que rogarei por vós ao Pai; pois o mesmo Pai vos ama." "Eu vos escolhi a vós, ... a fim de que, tudo quanto em Meu nome pedirdes ao Pai, Ele vo-lo conceda." João 16:26, 27; 15:16. Mas orar no nome de Jessus é algo mais do que a mera menção desse nome no princípio e no fim de uma oração. É orar com a mente e o espírito de Jesus, ao mesmo tempo em que cremos nas Suas promessas, descansamos na Sua graça e fazemos as Suas obras.

Deus não pretende que qualquer de nós se torne eremita ou monge e se retire do mundo, a fim de se dedicar somente à adoração. A vida deve ser como a vida de Cristo - entre as montanhas e as multidões. Aquele que nada mais faz senão orar, em breve cessa de orar, ou as suas orações se tornam uma rotina formal. Quando os homens se retiram da vida social, da esfera do dever cristão e de carregar a cruz; quando deixam de trabalhar fervorosamente para o Mestre, que trabalhou fervorosamente para eles, perdem o objectivo essencial da oração e não têm qualquer incentivo para a devoção. Não conseguem orar, pedindo forças para trabalhar para o bem da humanidade e para a edificação do reino de Cristo.

Perdemos quando negligenciamos o privilégio de nos associarmos para nos fortalecermos e encorajarmos uns aos outros no serviço de Deus. As verdades da Sua palavra perdem a sua vivacidade e importância na nossa mente. O nosso coração deixa de ser iluminado e despertado pela sua influência santificadora, e nós decaímos em espiritualidade. Nas nossas relações como cristãos, perdemos muito por falta de simpatia de uns para com os outros. Aquele que se fecha em si mesmo não está a preencher a posição que Deus lhe designou que ocupasse. O próprio cultivo dos elementos sociais da nossa natureza leva-nos a simpatizar com outros e é um meio de nos desenvolver e fortalecer para o serviço de Deus.

Se os cristãos se reunissem, falando uns aos outros do amor de Deus e das preciosas verdades da redenção, o seu próprio coração seria refrescado e eles refrescar-se-iam uns aos outros. Podemos estar a aprender mais diariamente sobre o nosso Pai Celestial, obtendo uma experiência recente da Sua graça; então, desejaremos falar do Seu amor; e, ao fazermos isto, o nosso próprio coração será aquecido e encorajado. Se pensássemos e falássemos mais de Jesus, e menos do eu, usufruiríamos muito mais da Sua presença.

Se pensássemos em Deus tão frequentemente como temos evidência do Seu cuidao por nós, mantê-l'O-íamos sempre nos nossos pensamentos e deleitar-nos-íamos em falar d'Ele e louvá-l'O. Nós falamos de coisas temporais porque temos interesse nelas. Falamos dos nossos amigos porque os amamos; as nossas alegrias e tristezas estão ligadas com eles. Todavia, temos razão infinitamente maior para amar mais a Deus do que aos nossos amigos terrestres; deveria ser a coisa mais natural do mundo colocá-l'O em primeiro lugar em todos os nossos pensamentos, falar da Sua bondade e testificar do Seu poder. As ricas dádivas que Ele nos tem concedido não se destinam a absorver tanto os nossos pensamentos e amor de modo que nada tenhamos para dar a Deus; elas devem servir para nos lembrarmos constantemente d'Ele e nos ligarmos com laços de amor e gratidão para com o nosso Benfeitor Celestial. Vivemos demasiado perto dos terrenos baixos da Terra. Ergamos os nossos olhos para a porta aberta do Santuário Celeste, onde a glória de Deus brilha na face de Cristo, que "pode também salvar, perfeitamente, os que por Ele se chegam a Deus." Hebreus 7:25.

Precisamos de louvar mais a Deus "pela Sua bondade e pelas Suas maravilhas para com os filhos dos homens." Salmos 107:8. Os nossos exercícios devocionais não deveriam consistir só em pedir e receber. Não estejamos sempre a pensar nas nossas necessidades e nunca nos benefícios que recebemos. Nenhum de nós ora demais, e somos demasiado tacanhos em dar graças. Nós somos os recipientes constantes das misericórdias de Deus, todavia quão pouca gratidão expressamos, quão pouco O louvamos por aquilo que Ele tem feito por nós.

Antigamente, o Senhor ordenou a Israel, quando se reunissem para o Seu serviço: "E ali comereis perante o Senhor, o vosso Deus, e vos alegrareis em tudo em que poreis a vossa mão, vós e as vossas casas, no que te abençoar o Senhor teu Deus." Deuteronómio 12:7. Aquilo que é feito para a glória de Deus, deve ser feito com alegria, com cânticos de louvor e acção de graças e não com tristeza e melancolia.

O nosso Deus é um Pai terno e misericordioso. O Seu serviço não deveria ser olhado como triste e penoso ao coração. Deveria ser um prazer adorar o Senhor e tomar parte na Sua obra. Deus não deseja que os Seus filhos, para quem providenciou tão grande salvação, ajam como se Ele fosse um capataz duro e exactor. Ele é o seu melhor amigo; e quando O adoram, Ele quer estar com eles, para os abençoar e confortar, enchendo o seu coração de alegria e amor. O Senhor deseja que os Seus filhos encontrem conforto em servi-l'O e mais prazer do que dificuldades ao realizarem o Seu trabalho. Ele deseja que os que vão adorá-l'O levem com eles preciosos pensamentos do Seu cuidado e amor, para que possam ser animados em todos os empreendimentos da vida diária, e recebam a graça necessária para lidar honesta e fielmente com todas as coisas.

Devemos reunir-nos á volta da cruz. Cristo, e Ele crucificado, deveria ser o tema de contemplação, de conversação e da nossa mais alegre emoção. Devíamos conservar nos nossos pensamentos cada bênção que recebemos de Deus e, quando reconhecemos o Seu grande amor, deveríamos estar dispostos a confiar tudo nas mãos que foram pregadas na cruz por nós.

O coração pode chegar mais perto do Céu através do louvor. Deus é adorado com cânticos e música nas cortes do alto e, ao expressarmos a nossa gratidão, estamos a aproximar-nos do culto das hostes celestiais. "Aquele que oferece louvor glorifica" a Deus (Salmos 50:23). Vamos, pois, com reverente alegria perante o nosso Criador, com "acções de graças e voz de melodia." Isaías 51:3.


«A  ORAÇÃO  É  ABRIR  O  CORAÇÃO  A  DEUS  COMO  A  UM  AMIGO.
NÃO  QUE  SEJA  NECESSÁRIO  PARA  QUE  DEUS  SAIBA  O  QUE  SOMOS,
MAS  A  FIM  DE  NOS  CAPACITAR  A  RECEBÊ-L'O


«A  ORAÇÃO  NÃO  NOS  TRAZ  DEUS  DO  ALTO  ATÉ  NÓS,
MAS  ELEVA-NOS  ATÉ  ELE.»


«A  ORAÇÃO  É  A  CHAVE  NA  MÃO  DA  FÉ
PARA  ABRIR  O  ARMAZÉM  DO  CÉU,
ONDE  ESTÃO  ENTESOURADOS  OS  ILIMITADOS  RECURSOS  DA  OMNIPOTÊNCIA.»


«DEUS  ESTÁ  PRONTO  E  DISPOSTO  A  OUVIR  A  ORAÇÃO  SINCERA
DO  MAIS  HUMILDE  DOS  SEUS  FILHOS.»


«QUANDO  AS  NOSSAS  ORAÇÕES  PARECEM  NÃO  SER  RESPONDIDAS,
DEVEMOS  APEGAR-NOS  À  PROMESSA,  POIS  O  TEMPO  DA  RESPOSTA  VIRÁ  CERTAMENTE,
E  RECEBEREMOS  A  BÊNÇÃO  DE  QUE  MAIS  NECESSITARMOS.»


«SE  PENSÁSSEMOS  EM  DEUS
TÃO  FREQUENTEMENTE  COMO  TEMOS  EVIDÊNCIA  DO  SEU  CUIDADO  POR  NÓS,
MANTÊ-L'O-ÍAMOS  SEMPRE  NOS  NOSSOS  PENSAMENTOS
E  DELEITAR-NOS-ÍAMOS  EM  FALAR  D'ELE  E  LOUVÁ-L'O

sexta-feira, 18 de junho de 2010

10. O DEUS QUE EU CONHEÇO


Muitos são os modos pelos quais Deus procura revelar-Se a nós e levar-nos à comunhão com Ele. A Natureza fala aos nossos sentidos sem cessar. O coração receptivo será impressionado com o amor e a glória de Deus, como são revelados pelas obras das Suas mãos. O ouvido atento pode ouvir e compreender as comunicações de Deus através das coisas da Natureza. Os campos verdes, as árvores altaneiras, os rebentos e as flores, a nuvem que passa, a chuva que cai, o ribeiro murmurante, as glórias dos céus, falam ao nosso coração, e convidam-nos a tornar-nos familiarizados com Aquele que a todos criou.

O nosso Salvador relacionou as Suas lições com as coisas da Natureza. As árvores, os pássaros, as flores dos vales, os montes, os lagos e os belos céus, assim como os incidentes e as circunstâncias da vida diária, estavam todos ligados com as palavras da verdade, para que as Suas lições pudessem assim ser lembradas frequentemente, mesmo no meio dos maiores cuidados da vida e da labuta do homem.

Deus queria que os Seus filhos apreciassem as Suas obras e se deleitassem na beleza simples e tranquila com que Ele adornou o nosso lar terrestre. Ele á um amante do belo, mas, para além do que é exteriormente atraente, Ele ama a beleza de carácter; Ele deseja que cultivemos a pureza e a simplicidade - as suaves virtudes das flores.

Se estivermos atentos, as obras criadas por Deus ensinar-nos-ão lições preciosas de obediência e confiança. Desde as estrelas que, nos seus cursos sem deixar rasto através do espaço, seguem de século em século as suas designadas veredas, até ao minúsculo átomo, as coisas da Natureza obedecem à vontade do Criador. E Deus cuida de tudo e sustém tudo o que criou. Aquele que sustém os inumeráveis mundos através da imensidão, cuida, ao mesmo tempo, das necessidades do pequeno pardal que canta, sem temor, a sua humilde canção. Quando os homens vão para as suas labutas diárias, assim como quando se empenham em oração; quando se deitam à noite, e quando se levantam de manhã; quando o rico festeja no seu palácio, ou o homem pobre reúne os seus filhos à volta da escassa mesa, cada um é observado ternamente pelo Pai Celestial. Nenhuma lágrima é vertida sem que Deus note. Não há sorriso algum em que Ele não repare.

Se nós crêssemos simplesmente nisto, todas as ansiedades indevidas seriam dissipadas. A nossa vida não seria tão cheia de desapontamento como agora é; pois tudo, quer grande, quer pequeno, seria deixado nas mãos de Deus, que não fica perplexo com a multiplicidade de cuidados, ou abatido pelo seu peso. Desfrutaríamos então de uma paz que muitos desconhecem.

À medida que os teus sentidos se deleitam na atraente beleza da Terra, pensa no mundo que está para vir, que nunca conhecerá a ruína do pecado e da morte; onde a face da Natureza nunca mais exibirá a sombra da maldição. Procura imaginar o lar dos salvos e lembra-te de que ele será mais glorioso do que a tua mais brihante imaginação pode retratar. Nas variadas dádivas de Deus na Natureza, nós não vemos senão o mais fraco brilho da Sua glória. Está escrito: "As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam." I Coríntios 2:9.

O poeta e o naturalista têm muitas coisas a dizer acerca da Natureza, mas é o cristão que desfruta da beleza da Terra com o mais elevado apreço, porque reconhece a obra do Seu Pai e percebe o Seu amor na flor, no arbusto e na árvore. Ninguém pode apreciar plenamente o significado de montes e vales, rios e mares, se não os admirar como uma expressão do amor de Deus pelo homem.

Deus fala-nos mediante as Suas obras providenciais e pela influência do Seu Espírito sobre o coração. Nas nossas circunstâncias e incidentes, nas mudanças que têm lugar diariamente ao nosso redor, podemos encontrar lições preciosas, se o nosso coração estiver aberto para as discernir. O salmista, descrevendo o trabalho da providência de Deus, diz: "A Terra está cheia da bondade do Senhor." "Quem é sábio observe estas coisas, e considere atentamente as benignidades do Senhor." Salmos 33:5; 107:43.

Deus fala-nos através da Sua Palavra. Aqui temos, em linhas mais claras, a revelação do Seu carácter, do Seu procedimento com os homens, e a grande obra da redenção. Aqui, abre-se perante nós a história dos patriarcas e profetas e de outros homens santos da antiguidade. Eles foram homens "sujeitos às mesmas paixões que nós." Tiago 5:17. Vemos como eles lutaram com desencorajamentos como os nossos, como eles caíram sob tentações como nós, porém, animaram-se de novo e venceram pela graça de Deus; e, contemplando, somos encorajados no nosso esforço para alcançar a justiça. Quando lemos as preciosas experiências que lhes foram concedidas, a luz, o amor e as bênçãos de que desfrutaram, e o trabalho que realizaram pela graça que lhes foi dada, o Espírito que os inspirou acende uma chama no nosso coração e um desejo de sermos como eles no carácter - como eles, para andarmos com Deus.

Jesus disse das Escrituras do Velho Testamento - e ainda é mais verdadeiro no Novo - "São elas que de Mim testificam" (João 5:39), d'Ele, o Redentor, Aquele em quem as nossas esperanças de vida eterna estão centradas. Sim, toda a Bíblia fala de Cristo. Desde o primeiro relato da criação - porque "sem Ele, nada do que foi feito se fez" (João 1:3) - até à promessa final, - "Eis que cedo venho" (Apocalipse 22:12) - lemos acerca das Suas obras e ouvimos a Sua voz. Se te quiseres familiarizar com o Salvador, estuda as Sagradas Escrituras.

Enche o teu coração com as palavras de Deus. Elas são a água da vida, para saciar a tua sede ardente. Elas são o pão da vida proveniente do Céu. Jesus declara: "Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o Seu sangue, não tereis vida em vós mesmos." E Ele explica-Se, dizendo: "As palavras, que Eu vos disse, são espírito e vida." João 6:53, 63. O nosso corpo é formado por aquilo que comemos e bebemos; e assim como acontece na ordem natural, assim acontece na espiritual: é aquilo em que meditamos que dará tom e vigor à nossa natureza espiritual.

O tema da redenção é um dos que os anjos desejam examinar; ele será a ciência e o cântico dos remidos através das intermináveis eras da eternidade. Não é ele digno de cuidadosa meditação e estudo agora? A misericórdia e o amor infinitos de Jesus, o sacrifício que Ele fez em nosso favor, apelam à mais séria e solene reflexão. Devemos demorar-nos sobre o carácter do nosso querido Redentor e Intercessor. Devemos meditar sobre a missão d'Aquele que veio para salvar o Seu povo dos seus pecados. Ao contemplarmos temas celestiais, a nossa fé e o nosso amor crescerão mais fortes, e as nossas orações serão mais e mais aceitáveis a Deus, porque elas serão mais e mais misturadas com fé e amor. Elas serão inteligentes e fervorosas. Haverá mais constante confiança em Jesus, e uma viva experiência diária no Seu poder para salvar completamente todos os que vão a Deus por Ele.

Ao meditarmos nas perfeições do Salvador, desejaremos ser totalmente transformados e renovados à imagem da Sua pureza. Haverá uma fome e sede de nos tornarmos semelhantes Àquele a Quem adoramos. Quanto mais os nossos pensamentos se demorarem em Cristo, mais falaremos d'Ele aos outros e O representaremos perante o mundo.

A Bíblia não foi escrita apenas para os eruditos; pelo contrário, foi destinada ao povo comum. As grandes verdades necessárias à salvação são tornadas tão claras como o meio-dia; e ninguém errará ou perderá o seu caminho, a não ser aqueles que seguirem o seu próprio juízo, em vez da vontade de Deus claramente revelada.

Não devemos aceitar o testemunho de nenhum homem acerca do que ensinam as Escrituras, antes devemos estudar as palavras de Deus por nós mesmos. Se consentirmos que outros pensem por nós, teremos energias deficientes e aptidões diminuídas. As faculdades nobres da mente podem ser de tal modo atrofiadas por falta de exercício sobre temas dignos da sua concentração que venham a perder a sua capacidade de captar o significado profundo da Palavra de Deus. A mente expandir-se-á se for empregada em investigar a relação dos temas da Bíblia, comparando texto com texto e coisas espirituais com coisas espirituais.

Não há nada mais apropriado para fortalecer o intelecto do que o estudo das Escrituras. Nenhum outro livro é tão potente para elevar os pensamentos, dar vigor às faculdades, como as amplas e nobres verdades da Bíblia. Se a Palvra de Deus fosse estudada como deveria, os homens teriam uma amplitude de mente, uma nobreza de carácter e uma estabilidade de propósito raramente vistas nestes tempos.

Mas muito pouco benefício se obtém de um estudo apressado das Escrituras. Uma pessoa pode ler toda a Bíblia e, não obstante, deixar de ver a sua beleza ou compreender o seu significado profundo e oculto. O estudo de uma passagem até que o seu significado seja claro à mente e a sua relação com o plano da salvação seja evidente, é de mais valor do que a leitura de muitos capítulos sem nenhum propósito definido em vista e nenhuma instrução positiva alcançada. Mantém a tua Bíblia contigo. Ao teres oportunidade, lê-a; fixa os textos na tua memória. Mesmo quando estás a andar na rua podes ler uma passagem e meditar nela, fixando-a assim na mente.

Não podemos obter sabedoria sem sincera atenção e estudo com oração. Algumas porções das Escrituras são, de facto, demasiado claras para serem mal compreendidas, mas há outras cujo significado não está à superfície, de modo a poder ser visto numa olhadela rápida. Texto deve ser comparado com texto. Deve haver cuidadosa pesquisa e reflexão com oração. E tal estudo será ricamente recompensado. Assim como o mineiro descobre veios de metal precioso escondidos debaixo da superfície de terra, assim acontece com o que procura perseverantemente a Palavra de Deus como a tesouros escondidos, pois encontra verdades do maior valor, que estão escondidos da vista do pesquisador descuidado. As palavras da Inspiração, ponderadas no coração, serão como correntes fluindo da fonte da vida.

A Bíblia nunca deve ser estudada sem oração. Antes de abrirmos as suas páginas, devemos pedir a iluminação do Espírito Santo e ela será dada. Quando Natanael foi a Jesus, o Salvador exclamou: "Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo." Natanael disse-Lhe: "De onde me conheces Tu?" Jesus respondeu-lhe: "Antes que Filipe te chamasse, te vi Eu, estando tu debaixo da figueira." João 1:47, 48. E Jesus também nos vê nos lugares secretos da oração, se nós O buscarmos para obtermos luz a fim de sabermos o que é a verdade. Anjos do mundo da luz estarão com os que, em humildade de coração, procurarem a guia divina.

O Espírito Santo exalta e glorifica o Salvador. É Sua função apresentar Cristo, a pureza da Sua justiça, e a grande salvação que nós temos através d'Ele. Jesus diz: "Ele ... há-de receber do que é Meu, e vo-lo há-de anunciar." João 16:14. O Espírito de verdade é o único professor eficaz da verdade divina. Quanto Deus deve estimar a raça humana ao ponto de ter dado o Seu Filho para morrer por ela e designar o Espírito Santo para ser o professor do homem e seu guia continuamente!

«SE  ESTIVERMOS  ATENTOS,
AS  OBRAS  CRIADAS  POR  DEUS
ENSINAR-NOS-ÃO  LIÇÕES  PRECIOSAS  DE  OBEDIÊNCIA  E  CONFIANÇA.»


«NINGUÉM  PODE  APRECIAR  PLENAMENTE  O  SIGNIFICADO
DE  MONTES  E  VALES,  RIOS  E  MARES,
SE  NÃO  OS  ADMIRAR  COMO  UMA  EXPRESSÃO  DO  AMOR  DE  DEUS  PELO  HOMEM.»


«ENCHE TODO O CORAÇÃO COM AS PALAVRAS DE DEUS.
ELAS SÃO A ÁGUA DA VIDA, PARA SACIAR A TUA SEDE ARDENTE.»


«NÃO DEVEMOS ACEITAR O TESTEMUNHO DE NENHUM HOMEM
ACERCA DO QUE ENSINAM AS ESCRITURAS,
ANTES DEVEMOS ESTUDAR AS PALAVRAS DE DEUS POR NÓS MESMOS.»


«SE A PALAVRA DE DEUS FOSSE ESTUDADA COMO DEVERIA,
OS HOMENS TERIAM UMA AMPLITUDE DE MENTE,
UMA NOBREZA DE CARÁCTER E UMA ESTABILIDADE DE PROPÓSITO
RARAMENTE VISTAS NESTES TEMPOS.»